dezembro 05, 2007

coita

uma quase cantiga

escrever num blog tem lá suas características. nem precisamos de uma poética, hoje em dia, pra sabermos traços comuns a esse gênero. quer que se diga, como principais linhas, tem-se o cunho subjetivo, pessoal,

Minhas amigas, quero falar hoje, mais uma vez, de amor. Quero falar não. Quero cantar. Quero poetar. Quero trovar. Sou hoje como uma camponesa falando com sua mãe, suas amigas, suas irmãs, a natureza sobre o amigo que está longe.
E como estou num blog, posso explorar muito mais conteúdos semânticos, assim como essas cantigas de amigo. Não me importo, melhor, nao me preocupo em ter nenhuma argumentação persuasiva e sintaxe complexa como dizem ter nas cantigas de amor: muita subordinação, abundância de conjunções causais, temporais, conclusivas, adversativas.
Hoje não. Hoje quero falar de amor. Quero falar de amigo. Quero construções coordenadas. Quero refrão se assim me aprouver.
Hoje, minha amiga, estou na coita de amor, já que nao vem e nao responde meus emails o meu amigo. Ele nao vem, ai. Estará ele mortou ou vivo? Ele nao vem e ai, meus cabelos, com fitas nao os arrumo. Algo burocrático ou importante o detém? Ele nao vem, e ai, o perfume que me deu nao uso. Tem meu amigo, outra amiga consigo? Ele nao vem e o chapéu que me dei, nao o uso. Amigas, nao sei o que fazer. Neste espelho nao mais me verei. Nem todos os presentes que me deu meu amigo poderei usar. Pois ele aqui nao vem.
Hoje queria bailar, queria mais doas, queria muitos refrãos de bom grado. Queria ele me dizendo em refrão que de mim gosta muito.
Mas agora, sem meu amigo,


Estou desaconselhada.
Quero bailar. Quero doas. Se assim a mim for de bom grado.

Quero assim porque os blogs são a possibilidade de outros jograis cantarem. Tanto eu, quanto qualquer um. Pode ser um camponês, pode ser um vilão.

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