dezembro 17, 2007

perdoem nada

"Perdoem excessivas, obscenas carências, pieguices, subjetivismos, mas..."
(Caio Fernando)
se ele já falou, nao vou escrever mais. por enquanto é isso.
descanso numa rede imensa é o melhor em dias perdidos.

dezembro 16, 2007

it's over

"Não sabe ouvir pausas
como as minhas
nossas idas e voltas

agora não adivinha
que carrego um poema
pra entregar antes que vá
embora junto com a ventania"
(A.G.)

insuspeitado

de com que
resta e une
o então de agora
as sobras foscas
porém de outrora
a preencher

ponto

ponto. não está dito.
e vírgula
é o que vem
depois
de um calor
cansativo

e no caso,
nada vem,
nem dois
-sem-graça-
pontos.

another page, please

ponto

dezembro 15, 2007

gr

joga biribinha neles!

amem'

é o velho profanamento que doravante diga o verbo

mãos frias II

cultivada
a ânsia de
dentro da paciência
poesia torta inacabada
o vômito sobre
o plástico bolha
suga o vazio apertado
perturbador e invasivo
antes e depois
do estômago ao útero
pede fôlego
espalhado atrás do umbigo
na bola
de gude mantida com
as mãos frias

ao som da regina spektor

sonolenta com sol a pino,
acordava, fora da minha hora,
saia correndo,
vontade de chegar na hora,
combinada,
pra te ver mais,
que almoçar,
descia as escadas,
subia no gramado,
de longe te avistava,
sentada calma e àcida,
toda bela e clara,
com aquele vestido,
que tanto me fisgava,
e te deixava incrível,
oi, sorriso, abraço, cheiro,
que bom que me esperava,
e meus atrasos,
e me perguntava,
se tinha dormido bem,
subia no seu carro, conforto,
eu sentia,
porque ali você podia,
colocar a mão,
na minha perna,
de óculos charmosos,
e costas de mulher,
enquanto eu, podia,
na sua nuca,
entre o pescoço,
e a respiraçao,
te dar beijos,
sussurrados,
pra que você só,
ouvisse,
e mais ninguém,
sentisse seu arrepio,
derrubando minhas incertezas,
molhando meus dias,
porque ali,
no seu carro,
você me perguntava,
aonde íamos,
e me levava,
aonde queríamos,
ali no seu carro,
a gente sempre,
chegava,
em lugares com doces,
e alívios, ali, fora do sério.

atrás dos vidros, barulhinhos

Há um tempo nao trocamos
De roupas estão os pedaços
De emails cortados
E abandonados à falta
De respostas não feitas
As perguntas sufocadas
Um dia se cansam
E perguntar sem falar
Um A de assombro
É só o que
Nao devia
Restar
Jogado no
Fundo de
Uma caixa
Embaixo
Da cama

ardido

Não quero tirar
minha lente
e só enxergar
o vermelho dos meus olhos
machucados, de tanto tempo
dado e esquecido,
tecido leve. E só entao
a tiro, porque ela quer sair. E só
com dificuldade que arranco
com ela meu vermelho
já morto acumulado
na lágrima velha e seca.

enough

voz de ressaca e corpo de quem morre
ao acordar

achava que meus olhos, colados
à minha boca, me
entregassem

mãos frias

cultivada a ânsia dentro
da paciência o vômito
sob o papel bolha assopra
o vazio apertado
do estômago ao útero, antes
e depois na bola
de gude

dezembro 05, 2007

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coita

uma quase cantiga

escrever num blog tem lá suas características. nem precisamos de uma poética, hoje em dia, pra sabermos traços comuns a esse gênero. quer que se diga, como principais linhas, tem-se o cunho subjetivo, pessoal,

Minhas amigas, quero falar hoje, mais uma vez, de amor. Quero falar não. Quero cantar. Quero poetar. Quero trovar. Sou hoje como uma camponesa falando com sua mãe, suas amigas, suas irmãs, a natureza sobre o amigo que está longe.
E como estou num blog, posso explorar muito mais conteúdos semânticos, assim como essas cantigas de amigo. Não me importo, melhor, nao me preocupo em ter nenhuma argumentação persuasiva e sintaxe complexa como dizem ter nas cantigas de amor: muita subordinação, abundância de conjunções causais, temporais, conclusivas, adversativas.
Hoje não. Hoje quero falar de amor. Quero falar de amigo. Quero construções coordenadas. Quero refrão se assim me aprouver.
Hoje, minha amiga, estou na coita de amor, já que nao vem e nao responde meus emails o meu amigo. Ele nao vem, ai. Estará ele mortou ou vivo? Ele nao vem e ai, meus cabelos, com fitas nao os arrumo. Algo burocrático ou importante o detém? Ele nao vem, e ai, o perfume que me deu nao uso. Tem meu amigo, outra amiga consigo? Ele nao vem e o chapéu que me dei, nao o uso. Amigas, nao sei o que fazer. Neste espelho nao mais me verei. Nem todos os presentes que me deu meu amigo poderei usar. Pois ele aqui nao vem.
Hoje queria bailar, queria mais doas, queria muitos refrãos de bom grado. Queria ele me dizendo em refrão que de mim gosta muito.
Mas agora, sem meu amigo,


Estou desaconselhada.
Quero bailar. Quero doas. Se assim a mim for de bom grado.

Quero assim porque os blogs são a possibilidade de outros jograis cantarem. Tanto eu, quanto qualquer um. Pode ser um camponês, pode ser um vilão.